Um filhote de onça-parda (Puma concolor), resgatado de um incêndio florestal, foi encaminhado ontem ao centro de atendimento de animais silvestres de Ribeirão Preto. Com a chegada desse filhote e de outros animais às unidades da rede de atendimento e reabilitação estruturada pelo governo do Estado, o número de atendimentos subiu para 70 desde o início da onda de incêndios no interior paulista, há duas semanas. Até agora, 38 animais morreram, e 32 continuam em tratamento. São animais que foram expulsos de seus habitats pelas chamas e que agora recebem cuidados para voltar à natureza ou, quando não for possível, serem encaminhados a abrigos apropriados.
O filhote de onça-parda, um macho batizado de Benedito, foi capturado por funcionários de uma usina na área rural de São Joaquim da Barra e levado ao zoológico do município de Guaíra. Ele se afastou da mãe e do irmão ao tentar escapar do fogo na mata e acabou sendo atropelado em uma rodovia. O outro filhote foi encontrado morto, e a mãe ainda está desaparecida.
Com uma lesão grave em uma das patas, Benedito foi encaminhado ao Centro de Triagem e Reabilitação (Cetras) Morro de São Bento para um tratamento multidisciplinar. De acordo com o zootecnista Alexandre Gouvea, o filhote teve dois dedos amputados e perdeu grande parte dos movimentos da pata devido ao atropelamento. “Ele não terá chances de retornar à vida livre, já que não poderá mais usar esse membro para caçar e comer”, lamentou. A boa notícia é que o filhote está se recuperando bem e mamando bastante. Em apenas três dias, ele ganhou 250 gramas.
O Cetras também recebeu um macaco da espécie bugio, que chegou bastante estressado e ferido. O animal, uma fêmea adulta, foi resgatado no município de Guatapará. Depois de fugir da mata em chamas, ela entrou em uma residência e foi atacada por um cachorro. Seu estado de saúde é grave.
Vitória, o tamanduá-bandeira que estava em tratamento na mesma unidade, não resistiu e faleceu ontem. Ela sofreu uma infecção generalizada devido às queimaduras de terceiro grau e teve duas paradas cardíacas.
Em Jundiaí, a Associação Mata Ciliar divulgou ontem um balanço dos animais atendidos nos últimos dez dias: 28 foram atropelados, possivelmente enquanto tentavam escapar dos incêndios. Entre eles, está um filhote de veado com problemas respiratórios.
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